Bombardeio histórico: bomba da 2ª Guerra mobiliza evacuação de 6 mil em Hong Kong
Igor Martins 20 outubro 2025 9 Comentários

Na manhã de sábado, 20 de setembro de 2025, Suryanto Chin-chiu, chefe da equipe de desativação de explosivos da Polícia de Hong Kong, liderou uma operação de alto risco que acabou por salvar cerca de 6 mil moradores em Quarry Bay. O alvo? Uma bomba da Segunda Guerra Mundial, ainda carregando 227 kg de explosivos, descoberta a dez metros de profundidade durante obras de construção.

Contexto histórico e descoberta inesperada

Desde que o Japão ocupou Hong Kong em 25 de dezembro de 1941, a cidade sofreu intensos bombardeios aliados. Arquivos militares apontam que centenas de munições nunca detonaram, ainda enterradas sob o solo urbano. Foi exatamente esse legado que ressurgiu na tarde de descoberta da bombaQuarry Bay, quando uma escavadeira encontrou um projétil de 1,5 m de comprimento.

Especialistas acreditam que a bomba foi lançada por um avião americano em 1944, durante um ataque que visava as instalações militares japonesas. Até então, a maioria dos residentes de Quarry Bay nem imaginava viver sobre um pedaço de história bélica ainda “totalmente operacional”.

Desenvolvimento da operação de desativação

A resposta foi imediata. Às 02:00 UTC de sábado, Unidade de Desativação de Artilharia da Polícia de Hong Kong iniciou o procedimento de neutralização, com prazo de 12 horas para garantir a segurança da zona. O plano, cuidadosamente desenhado, incluía perfurar o projétil, expor o explosivo e queimar o material em um ambiente controlado.

Mas a chuva torrencial que tomou conta da cidade atrasou a missão. Mesmo assim, por volta das 11h30, os técnicos concluíram a queima do explosivo sem detonarem a bomba, evitando um cenário catastrófico que poderia ter gerado centenas de feridos.

“Trabalhamos contra o relógio, mas a segurança dos cidadãos sempre vem em primeiro lugar”, afirmou Andy Chan Tin‑Chu, oficial da Polícia de Hong Kong. Ele explicou que a decisão de evacuar foi tomada devido ao “risco excepcionalmente alto” da remoção da munição.

Evacuação massiva e reação da comunidade

A ordem de evacuamento alcançou 18 edifícios, afetando cerca de 1.900 residências. Em menos de quatro horas, mais de 6 mil pessoas foram dirigidas a centros de abrigo temporários, onde receberam água, lanches e informações de segurança. Moradores relataram um misto de ansiedade e curiosidade, muitos tirando fotos dos veículos blindados que cercavam a área.

Grupos de apoio comunitário, como a Associação de Moradores de Quarry Bay, coordenaram a distribuição de mantimentos e ajudaram idosos a descer das escadas. “Foi assustador, mas ninguém ficou desamparado”, disse a presidente da associação, Leila Ng. “A presença da polícia nos deu confiança para seguir as orientações”.

Impacto e lições aprendidas

Impacto e lições aprendidas

Com as ruas reabertas às 17h00, a polícia declarou a zona segura. No entanto, o episódio reacendeu o debate sobre como o “boom imobiliário” de Hong Kong pode estar desenterrando perigos ocultos. Especialistas em desarmamento alertam que a cidade, com sua densidade habitacional extrema, pode esconder ainda mais artefatos da guerra.

Em 2018, três bombas semelhantes foram encontradas em uma estação de metrô no bairro vizinho de Wan Chai, exigindo a evacuação de 1.250 moradores. Cada incidente reforça a necessidade de inspeções aprofundadas antes de iniciar grandes projetos de construção.

Além disso, autoridades de Hong Kong estão avaliando a criação de um banco de dados centralizado sobre munições não detonadas, inspirado em iniciativas semelhantes na Europa. “Precisamos transformar o passado em conhecimento, não em ameaça”, afirmou Dr. Mei Ling Ho, pesquisadora da Universidade de Hong Kong.

Próximos passos e recomendações

Para evitar surpresas semelhantes, o governo anunciou um programa de monitoramento geofísico que utilizará sensores de radar para mapear áreas de risco antes de autorizar obras. O orçamento inicial é de HK$ 500 milhão, dividido entre agências de segurança, universidades e empresas privadas.

Enquanto isso, a Polícia de Hong Kong recomenda que residentes mantenham a calma e sigam instruções oficiais em caso de novas descobertas. A mensagem final: “A história pode estar enterrada sob nossos pés, mas a preparação nos mantém seguros”.

Fatos resumidos

Fatos resumidos

  • Data da neutralização: 20/09/2025, às 11h30 (UTC).
  • Local: Quarry Bay, Hong Kong.
  • Tipo de artefato: bomba da Segunda Guerra Mundial lançada possivelmente por avião americano.
  • Explosivo contido: 227 kg.
  • Evacuados: aproximadamente 6 000 pessoas em 18 edifícios.

Perguntas Frequentes

Como a descoberta da bomba afetou os residentes de Quarry Bay?

Os moradores foram evacuados imediatamente, sendo realojados em abrigos temporários. Embora o susto tenha sido grande, ninguém ficou ferido e a maioria recebeu apoio logístico das autoridades e associações locais.

Quais foram os principais desafios enfrentados pela equipe de desativação?

A profundidade de 10 m e a chuva forte atrasaram a perfuração. Além disso, o fato de a bomba estar “totalmente operacional” exigiu técnicas precisas para queimar o explosivo sem detonar o projétil.

Por que bombas da Segunda Guerra ainda são encontradas em Hong Kong?

Durante 1941‑1945 Hong Kong foi alvo de intensos bombardeios aliados. Muitos artefatos não detonaram e acabaram soterrados nas áreas que hoje são altamente urbanizadas, sendo revelados apenas quando obras de construção os escavam.

O que as autoridades planejam fazer para prevenir novos incidentes?

O governo lançou um programa de monitoramento geofísico com sensores de radar, além de criar um banco de dados centralizado sobre munições não detonadas, envolvendo universidades e empresas de tecnologia.

Qual foi o papel da comunidade internacional na cobertura do evento?

Agências como Xinhua e Deutsche Welle relataram rapidamente o incidente, destacando a eficácia da resposta de Hong Kong e chamando atenção para o risco latente de munições históricas em áreas densamente povoadas.

9 Comentários
joao pedro cardoso
joao pedro cardoso

outubro 20, 2025 AT 22:26

Essa bomba da Segunda Guerra ainda tava lá, a dez metros de profundidade, o que mostra que Hong Kong tem muito mais “só mais uma obra” do que a gente imagina. A equipe da polícia fez um trabalho e tanto, conseguiram queimar o explosivo sem detonar o projétil, o que evitou um desastre enorme. São quase 6 mil pessoas que foram evacuadas em poucas horas, o que demonstra a eficácia do plano de resposta rápida. Vale lembrar que já tinham encontrado três bombas parecidas em 2018, então esse tipo de risco não é novidade.

Murilo Deza
Murilo Deza

outubro 26, 2025 AT 02:08

Mas sério,, quem vai pagar por esse programa de radar,, será que o governo não tá gastando demais, afinal,, tudo isso por uma bomba que já foi desativada??

Ricardo Sá de Abreu
Ricardo Sá de Abreu

outubro 31, 2025 AT 05:49

É de deixar o coração apertado saber que gente comum pode viver sobre um pedaço de história tão perigoso, ainda mais quando a chuva atrasa a operação e a tensão aumenta, mas a comunidade se uniu, ajudou os idosos, distribuiu mantimentos, foi um gesto de solidariedade que ilumina a situação.

Renato Mendes
Renato Mendes

novembro 5, 2025 AT 09:31

Verdade, Ricardo! Essa história mostra como a gente precisa ficar esperto nas obras, mas também como o espírito de vizinhança pode virar super herói quando o perigo aparece, então bora apoiar mais iniciativas de treinamento comunitário!

Camila A. S. Vargas
Camila A. S. Vargas

novembro 10, 2025 AT 13:12

Prezados, cumpre salientar a importância de que tais incidentes reforçam a necessidade de investimentos contínuos em tecnologia de detecção e na capacitação dos profissionais envolvidos, pois a segurança da população permanece como prioridade máxima, e a resposta exemplar da polícia demonstra o compromisso institucional.

Priscila Galles
Priscila Galles

novembro 15, 2025 AT 16:54

o programa de radar vai ajudar a achar mais bombas, sem duvida.

Michele Hungria
Michele Hungria

novembro 20, 2025 AT 20:35

Embora se celebre a rapidez da resposta, não se pode ignorar a falha sistemática que permitiu que artefatos da guerra permanecessem enterrados por oito décadas, evidenciando negligência crônica das autoridades urbanísticas.

Priscila Araujo
Priscila Araujo

novembro 26, 2025 AT 00:17

Mesmo com o susto, a forma como a comunidade se organizou e recebeu apoio foi inspiradora, mostrando que, quando nos unimos, conseguimos superar até as ameaças mais inesperadas.

Daniel Oliveira
Daniel Oliveira

dezembro 1, 2025 AT 03:58

É evidente que a narrativa popular sobre o heroísmo policial carece de uma análise crítica mais profunda. Primeiro, a cobertura midiática tende a glorificar a operação, omitindo questões estruturais que permitiram a presença da bomba. Em segundo lugar, o investimento de meio bilhão de dólares em sensores de radar pode ser visto como um paliativo caro, ao invés de uma solução de longo prazo. Terceiro, a falta de um banco de dados centralizado sobre munições não detonadas já é conhecida há décadas, mas pouca ação foi tomada. Quarto, as autoridades parecem mais focadas em respostas pontuais do que em planejamento urbano preventivo. Quinto, a evacuação de 6 mil pessoas demonstra fragilidade no gerenciamento de risco cotidiano. Sexto, o fato de que três bombas similares foram encontradas em 2018 indica que a ameaça é recorrente, não isolada. Sétimo, a dependência de equipes de desativação especializadas cria um gargalo operacional. Oitavo, a população foi informada de forma abrupta, gerando ansiedade desnecessária. Nono, a comunicação entre governo, polícia e comunidade poderia ser mais transparente. Décimo, a questão das responsabilidades legais sobre possíveis danos futuros permanece obscura. Décimo‑primeiro, a implantação do programa de radar requer coordenação interagências que ainda não foi demonstrada. Décimo‑segundo, há risco de que recursos sejam desviados de outras áreas críticas, como saúde pública. Décimo‑terceiro, a celebração desta operação pode encorajar complacência nas inspeções de obras. Décimo‑quarto, portanto, é imprescindível que se promova uma revisão abrangente das políticas de construção. Décimo‑quinto, somente assim poderemos transformar a história enterrada em conhecimento útil, e não em ameaça latente.

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