Aline Bardy Dutra, conhecida como Esquerdogata, foi presa na madrugada de sábado, 25 de outubro de 2025, em Ribeirão Preto, após resistir à abordagem de policiais militares e ser acusada de injúria racial. O vídeo da prisão, que viralizou em minutos, mostra a influenciadora de esquerda — com cerca de 1 milhão de seguidores — rindo, provocando e declarando: “Isso vai me fazer deputada federal. Vocês sabem disso, né?”. O episódio, que ocorreu em uma rua movimentada do centro da cidade, não foi apenas um choque de autoridade: foi um espelho da polarização política que divide o Brasil.
Um vídeo que explodiu a internet
O registro da prisão, feito por um pedestre, tem marcas de tempo que revelam a escalada da tensão. Aos 58 segundos, ela diz: “Marmita na esquina, né, milícia? Joga umas. Tem outra joga. Ah, vai jogar dele”. Aos 87 segundos, com voz de teatro, pergunta: “Sabe como militante ser presa?”. E aos 94 segundos, a declaração que virou mantra: “Vou ser deputada federal. Você é um policialzinho, ganha R$ 2.500...”. Essas frases não foram ditas em tom de desespero, mas de provocação deliberada — como se ela soubesse que a câmera estava ligada e que o mundo assistiria.Os policiais, segundo relatos da PM, a abordaram após receberem denúncia de injúria racial. Aline nega a acusação, mas não nega o desacato. “Eles me chamaram de ‘negra da porra’?”, disse ela em outro trecho, sem confirmar ou negar diretamente. O que é certo: ela usou termos como “policialzinho”, “sandália”, “licença premium” e “não tem cin” — uma referência ao CIN, cartão de identificação da polícia — para desqualificar os agentes. Não era só desrespeito. Era uma performance política.
Uma militante que vive na linha de frente
Aline Bardy Dutra não é uma influenciadora comum. Ela se apresenta como ativista de esquerda, com histórico de infiltrações em eventos de extrema direita. Nos dias que antecederam a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, ela se disfarçou entre apoiadores do ex-presidente em Brasília, gravando vídeos com “muito bom humor”, como ela mesma descreveu em entrevista no YouTube. Em um deles, ela agradece “aos patriotas amados”, “ao bombeiro” e até “à dona Trump por querer escravizar nosso povo” — brincadeira que, em contexto, se torna crítica política.Essa estratégia de infiltrar-se nos grupos adversários é rara no Brasil. Ela não apenas observa: ela expõe. E isso incomoda. Tanto que, em agosto de 2025, o deputado federal Nikolas Ferreira — conhecido por sua postura conservadora e por ser um dos mais ferrenhos defensores de Bolsonaro — apresentou uma queixa-crime contra ela por supostas ameaças e incitação ao ódio. O processo ainda tramita na Justiça, mas agora, com a prisão, ele ganha novo peso.
Quem são os policiais que a prenderam?
Nenhum nome foi divulgado oficialmente. Mas os vídeos mostram agentes de uniforme padrão da PM de São Paulo, sem insígnias visíveis. Um deles, em tom firme, diz: “Você está sendo presa por desacato e injúria racial”. A resposta de Aline? “Ah, tá, então é isso? Só por isso?”. Ela não se contém. Nem por um segundo. E isso levanta uma pergunta incômoda: será que a prisão foi justa? Ou foi um espetáculo?Na internet, os comentários se dividem. Para uns, ela é uma “herói da resistência”, vítima de um sistema que cala vozes progressistas. Para outros, é uma “provocadora que merece cadeia”. Mas o que ninguém discute: o vídeo foi feito para ser visto. E foi. Milhões de vezes. O que ela fez não foi apenas desobedecer. Ela transformou uma prisão em campanha eleitoral.
O que isso muda na política brasileira?
O Brasil nunca viu uma figura como Aline. Ela não é candidata. Não tem partido. Mas tem audiência. E sabe como usar o caos como palco. Seu perfil no Instagram e no TikTok já registra crescimento de 300% nas 48 horas após a prisão. Doações para sua “campanha” começaram a chegar por Pix. Um grupo de jovens criou um meme: “Esquerdogata 2026 — Deputada ou Presa?”.Isso é novo. Não é só ativismo. É política híbrida: parte performance, parte jornalismo, parte guerrilha digital. E ela está jogando com as regras do jogo. Enquanto políticos tradicionais se escondem atrás de assessorias, ela fala direto para a câmera — e sabe que, mesmo presa, será mais ouvida.
Qual o próximo passo?
A prisão foi preventiva, mas já foi convertida em liberdade condicional após 12 horas, por decisão judicial. Ela foi liberada sob a condição de não se aproximar de quartéis da PM ou de políticos da direita. Mas isso é um detalhe. O que importa é que ela já venceu. A prisão não a silenciou. Aumentou sua voz. E agora, ela tem um novo discurso: “Vocês prenderam uma militante. Mas não prenderam a ideia.”Enquanto isso, a Polícia Civil de Ribeirão Preto investiga a acusação de injúria racial. O laudo de áudio está em análise. O Ministério Público ainda não se manifestou. Mas uma coisa é certa: o caso não vai acabar aqui.
Frequently Asked Questions
Por que a prisão de Esquerdogata gerou tanta polêmica?
A prisão gerou polêmica porque o vídeo da abordagem foi feito como uma performance política. Aline Bardy Dutra, com 1 milhão de seguidores, usou o momento para fazer críticas diretas às forças policiais e ao sistema, enquanto se apresentava como vítima da repressão. Isso transformou o episódio em um símbolo da polarização: para uns, ela é uma ativista perseguida; para outros, uma provocadora que desrespeitou autoridades em serviço. A mídia nacional cobriu o caso como um fenômeno cultural, não apenas jurídico.
O que é injúria racial e como ela se aplica nesse caso?
Injúria racial é o crime de ofender alguém com base em raça, cor, etnia ou religião, previsto no artigo 140, §3º do Código Penal. A PM alega que Aline usou termos racistas contra um agente, mas isso ainda não foi comprovado. O laudo de áudio do vídeo está sendo analisado por peritos. Se confirmado, ela pode responder a processo criminal. Se não, a acusação pode cair por falta de provas — mas o dano político já foi feito.
Como o deputado Nikolas Ferreira está envolvido?
Nikolas Ferreira, deputado federal e aliado de Bolsonaro, apresentou uma queixa-crime contra Esquerdogata em agosto de 2025, acusando-a de incitação ao ódio e ameaças por vídeos que ela publicou sobre apoiadores da extrema direita. A prisão agora dá novo fôlego ao processo. Ferreira já declarou em redes sociais que “a justiça deve ser implacável com quem ataca as forças policiais”. Mas sua postura também é vista por críticos como uma tentativa de silenciar vozes progressistas.
Será que Esquerdogata realmente pode virar deputada federal?
Ela não é candidata ainda, mas o apoio popular cresceu exponencialmente após a prisão. Para concorrer, precisa se filiar a um partido e cumprir os requisitos legais — como ter domicílio eleitoral e não ter condenação criminal transitada em julgado. Se for condenada por injúria racial, isso pode impedir sua candidatura. Mas, se for absolvida, o episódio pode ser usado como trampolim eleitoral. Já há grupos organizando campanhas digitais para apoiá-la em 2026.
O que esse caso revela sobre a relação entre redes sociais e poder político no Brasil?
Esse caso mostra que o poder político hoje não está mais só nos partidos ou nas urnas. Está também nas redes, nas visualizações e na capacidade de transformar um momento de crise em um movimento. Aline não tem cargo, nem partido, mas tem audiência. E isso a torna mais poderosa que muitos políticos tradicionais. O sistema judicial responde a leis, mas a opinião pública responde a emoções — e ela sabe disso. Esse é o novo jogo da política brasileira.
Qual o risco desse tipo de ativismo para a democracia?
O risco é a banalização da violência e da provocação como ferramenta política. Se todos passam a ver a desobediência como estratégia de visibilidade, a autoridade perde legitimidade. Mas o outro risco é o silenciamento: quando vozes críticas são criminalizadas por críticas incômodas, a democracia também sofre. O desafio é equilibrar liberdade de expressão com respeito às instituições — e isso ainda não tem resposta clara no Brasil.
outubro 28, 2025 AT 07:27
essa cena foi tipo um reality show de política
ninguém esperava mas deu certo