Focus indica Selic 12,25% 2026 e IPCA 4,29%: inflação fora da meta
Igor Martins 10 outubro 2025 13 Comentários

Quando Banco Central do Brasil divulgou o Boletim Focus nesta segunda‑feira, a notícia que mais ecoou foi a queda da taxa básica de juros: a Selic deve encerrar 2026 em 12,25%, 0,13 ponto percentual abaixo da projeção anterior.

Contexto econômico recente

Nos últimos meses, o Brasil tem lidado com duas tendências opostas: um arrefecimento da atividade econômica no segundo trimestre de 2025 e, ao mesmo tempo, sinais de desinflação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou uma deflação de -0,11%, a primeira queda real desde 2024.

O cenário externo também pesa. O Federal Reserve (Fed) sinalizou retomada de política monetária mais frouxa, o que pressiona o real e pode influenciar a trajetória da inflação brasileira.

Detalhes das projeções do Focus

Além da Selic, o Focus trouxe números que ficam na cabeça de quem acompanha a economia:

  • IPCA 2025: 4,83% (queda de 0,01 ponto percentual);
  • IPCA 2026: 4,29% (redução de 0,01 ponto percent.).
  • PIB 2025: 2,16% e 2026: 1,80% – mantidos sem alterações.
  • Câmbio previsto para 2025: R$ 5,50/USD; 2026: R$ 5,60/USD.

Os números para 2027 e 2028 permaneceram estáveis – Selic em 10,50% e 10,00%, IPCA em 3,90% e 3,70% – o que indica um horizonte de política monetária mais brando, mas ainda distante da meta de 3%.

Reações do Copom e do mercado

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa em 15,00% por 13 semanas consecutivas. Em comunicado, ressaltou que "o ambiente incerto demanda cautela" e que a manutenção prolongada dos juros seria necessária para ancorar as expectativas inflacionárias.

Analistas da XPI Conteúdos, citados no relatório, acreditam que o primeiro corte de juros pode acontecer na reunião de janeiro de 2026, mas alertam: "a convergência das expectativas de inflação para a meta de 3% ainda é fraca".

Impactos para consumidores e investidores

Impactos para consumidores e investidores

Para quem tem crédito no nome, a lenta descida da Selic significa financiamentos ainda caros – o crédito imobiliário, por exemplo, segue em torno de 11% ao ano. Por outro lado, a expectativa de queda nas taxas pode estimular a compra de títulos públicos, já que o Tesouro Direto tende a oferecer rendimentos menores quando a Selic desce.

Os preços dos alimentos, que compõem grande parte da cesta familiar, continuam sob pressão. Mesmo com a deflação de agosto, a projeção de IPCA acima de 4% indica que o poder de compra ainda será corroído nos próximos doze meses.

Perspectivas para 2026 e além

O caminho para 2026 parece apontar para uma campanha de cortes gradativos, mas o ritmo dependerá da evolução do PIB e da taxa de desemprego, ainda acima de 9% ao final de 2025. Se a economia conseguir retomar um ritmo de crescimento próximo de 2%, o Banco Central pode acelerar a redução da Selic para abaixo de 12% já no segundo semestre.

Entretanto, qualquer reheating da inflação, seja em razão de choques externos ou de políticas fiscais expansionistas, pode forçar o Copom a segurar a taxa por mais tempo. Em suma, a mensagem do Focus é clara: ainda há muito a percorrer antes que a inflação volte a se alinhar ao centro da meta de 3%.

Principais fatos

Principais fatos

  • Selic projetada em 12,25% para 2026 – menor que a previsão anterior.
  • IPCA 2025: 4,83%; IPCA 2026: 4,29% – ainda acima da meta.
  • Deflação de -0,11% no IPCA de agosto de 2025 (IBGE).
  • Copom mantém Selic em 15% por 13 semanas.
  • Mercado vê corte inicial de juros em janeiro de 2026.

Perguntas Frequentes

Como a queda da Selic para 12,25% em 2026 afeta o crédito ao consumidor?

Em teoria, juros mais baixos reduzem o custo dos empréstimos, mas enquanto a taxa permanecer acima de 12% os financiamentos ainda são caros. Consumidores podem esperar uma leve melhora nas parcelas a partir de 2027, quando a Selic deve estar ainda menor.

Por que a inflação ainda está distante da meta de 3%?

O IPCA incorpora preços administrados que ainda subiram, além de pressões de salários e energia. Mesmo com a deflação de agosto, a trajetória geral apresenta resistência, sobretudo por causa das expectativas ainda altas entre agentes de mercado.

Qual o impacto esperado da política do Fed nos cortes de juros no Brasil?

Se o Fed reduzir seus juros, o dólar tende a cair, o que pode aliviar a pressão inflacionária importada. Isso dá margem ao Banco Central para reduzir a Selic com menos risco de desvalorizar o real.

O que esperar para o câmbio em 2026?

O Focus projeta o real a R$ 5,60 por dólar ao final de 2026, pouco acima da previsão para 2025. A estabilidade reflete a expectativa de que a política monetária interna e externa se alinhem gradualmente.

Como a projeção de PIB impacta a decisão do Copom?

Um crescimento de 2,16% em 2025 e 1,80% em 2026 indica atividade ainda fraca. O Copom tende a ser conservador, mantendo juros altos até ver sinais consistentes de retomada econômica.

13 Comentários
Raif Arantes
Raif Arantes

outubro 10, 2025 AT 05:56

Olha só, o Focus acabou de soltar aquela bomba de que a Selic vai cair pra 12,25% em 2026, e a galera já tá pirando pensando em como isso vai mexer nas taxas de juros de crédito. O fato de a projeção estar abaixo da anterior sinaliza que o Copom pode estar perdendo a confiança nas medidas de controle inflacionário. Enquanto isso, o IPCA ainda tá batendo 4,29%, bem longe da meta de 3%, o que deixa o cenário bem volátil. Se o Fed continuar afrouxando, o real pode desvalorizar e trazer nova pressão inflacionária. Não tem como negar que o mercado vai ficar de olho nos próximos cortes.

Sandra Regina Alves Teixeira
Sandra Regina Alves Teixeira

outubro 11, 2025 AT 08:53

É importante lembrar que, apesar da queda da Selic, os consumidores ainda sentirão o peso das dívidas caras, principalmente no crédito imobiliário que segue em torno de 11% ao ano. Essa redução pode abrir espaço para investimentos em títulos públicos, mas a gente precisa observar se a demanda interna vai acompanhar a retomada. A perspectiva de inflação ainda acima de 4% sugere que o poder de compra da família brasileira continuará apertado. Vamos torcer para que o crescimento do PIB consiga impulsionar um ciclo de cortes mais acelerado. Acompanhar esses indicadores pode nos ajudar a planejar melhor nossas finanças.

Luana Pereira
Luana Pereira

outubro 12, 2025 AT 11:50

O Boletim Focus, ao apresentar a projeção de Selic em 12,25% para 2026, traz à tona questões estruturais sobre a condução da política monetária brasileira. A análise dos indicadores macroeconômicos evidencia que a inflação ainda se encontra em patamares superiores à meta estabelecida. O IPCA, projetado em 4,29% para 2026, indica persistência de pressões de preços em setores chave da economia. A trajetória do crescimento do PIB, com estimativas de 2,16% em 2025 e 1,80% em 2026, aponta para uma expansão moderada que pode limitar a margem de manobra do Copom. Enquanto o ambiente externo mostra sinais de flexibilização por parte do Federal Reserve, a resposta cambial do real ainda permanece incerta. A projeção de câmbio em R$ 5,60 por dólar no final de 2026 reflete uma expectativa de estabilidade que, no entanto, depende da evolução das políticas fiscais internas. A manutenção da taxa Selic em 15% por 13 semanas revela a cautela adotada pelo Comitê diante de um cenário inflacionário ainda volátil. O modelo de comunicação do Copom enfatiza a necessidade de "cautela" para ancorar expectativas, porém isso pode gerar frustração nos agentes de mercado que esperam um ritmo de corte mais agressivo. As projeções do Focus sugerem que, ao longo de 2026, a política monetária pode começar a se suavizar, mas ainda sem alcançar níveis confortáveis para os tomadores de crédito. A deflação observada no IPCA de agosto, embora histórica, não é suficiente para reverter a tendência geral de alta de preços. As pressões de salários, energia e produtos administrados contribuem para a resistência da inflação em atingir a meta de 3%. O cenário de juros ainda acima de 12% implica que o custo do crédito ao consumidor continuará elevado, impactando compras de imóveis e veículos. A expectativa de corte em janeiro de 2026 pode ser antecipada se os indicadores de atividade econômica mostrarem sinais consistentes de recuperação. Por outro lado, qualquer choque externo, como a volatilidade dos preços de commodities, pode forçar o Copom a reavaliar sua postura e manter os juros em patamares mais elevados. Em síntese, a projeção de Selic em 12,25% representa um passo relevante, mas ainda insuficiente para alcançar a convergência desejada entre inflação e meta.

Francis David
Francis David

outubro 13, 2025 AT 14:46

Eu vejo que a pausa nos cortes pode ser uma estratégia para testar a elasticidade da demanda antes de avançar. Enquanto o mercado aguarda, os investidores tendem a buscar alternativas de renda fixa mais atrativas. Vale ficar de olho nas séries históricas de inflação para entender se a tendência de desinflação vai se consolidar.

José Cabral
José Cabral

outubro 14, 2025 AT 17:43

Vamos manter a calma e observar os próximos dados.

Maria das Graças Athayde
Maria das Graças Athayde

outubro 15, 2025 AT 20:40

🔥 A notícia da Selic em 12,25% traz esperança, mas ainda tem muito caminho 😅. O IPCA acima de 4% bate no bolso da gente 💸. Se o Fed afrouxa, pode ser bom pro real, mas quem sabe 🤔. Enquanto isso, vamos acompanhar os cortes e tentar ajustar nossos investimentos 📈. Boa sorte a todos! 🙏

Carlos Homero Cabral
Carlos Homero Cabral

outubro 16, 2025 AT 23:36

Uau!!! A projeção do Focus tá de olho na Selic, mas ainda tem aquela diferença chata com a meta de inflação!!! Precisamos ficar ligados nos cortes futuros, porque isso afeta direto o crédito, os consórcios e até o financiamento de casas!!! Não dá pra ficar de braços cruzados, vamos analisar os números com calma e estratégia!!!

Andressa Cristina
Andressa Cristina

outubro 18, 2025 AT 02:33

🎨 Sabe aquele sentimento de que a economia dança ao som de políticas externas? Quando o Fed muda, o real “sente” e o mercado tem que adaptar a coreografia! 🤹‍♀️ Mas tudo bem, podemos transformar a incerteza em criatividade, pintando estratégias de investimento mais ousadas! 🌈

Shirlei Cruz
Shirlei Cruz

outubro 19, 2025 AT 05:30

Agradeço as análises apresentadas e acrescento que a trajetória da taxa de câmbio projetada para R$ 5,60 por dólar pode impactar o custo de importação de insumos, refletindo no preço final ao consumidor. Essa correlação merece atenção nas próximas deliberações do Copom.

caroline pedro
caroline pedro

outubro 20, 2025 AT 08:26

Ao observar a evolução das metas de inflação e das projeções de juros, percebemos que o ambiente macroeconômico brasileiro está em um delicado equilíbrio entre crescimento moderado e pressões de preços persistentes. A expectativa de corte da Selic para 12,25% em 2026 pode ser vista como um sinal de que o Banco Central está disposto a suavizar a política monetária, mas ainda mantém cautela diante da volatilidade externa. O papel do Fed, ao adotar uma postura mais flexível, cria um cenário onde o real pode encontrar suporte cambial, reduzindo a necessidade de ajustes agressivos na taxa de juros doméstica. Contudo, a estrutura de preços administrados, bem como os salários e a energia, continuam a alimentar a diferença entre o IPCA projetado e a meta de 3%. Se a economia brasileira conseguir impulsionar o PIB próximo de 2%, isso poderia abrir margem para cortes mais rápidos, porém, a taxa de desemprego ainda acima de 9% indica que o ritmo de recuperação ainda é tímido. Assim, o Copom pode optar por um caminho de cortes graduais, avaliando a resposta dos agentes econômicos a cada movimento. É fundamental, portanto, que os investidores acompanhem de perto indicadores como a confiança do consumidor e a evolução dos preços de commodities, pois eles são termômetros críticos da sustentabilidade das políticas adotadas. Em última análise, a trajetória da Selic será determinada pela capacidade do Brasil de alinhar crescimento e estabilidade de preços, mantendo a credibilidade da política monetária diante de incertezas internas e externas.

Maria Daiane
Maria Daiane

outubro 21, 2025 AT 11:23

Concordo plenamente e acrescento que a comunicação transparente do Copom pode reduzir a incerteza dos mercados, facilitando a adoção de estratégias de investimento mais consistentes.

Davi Gomes
Davi Gomes

outubro 22, 2025 AT 14:20

Vamos torcer para que a inflação comece a cair de verdade e que a Selic siga em direção a níveis mais confortáveis para todos.

Thabata Cavalcante
Thabata Cavalcante

outubro 23, 2025 AT 17:16

Pra mim, a projeção de 12,25% parece otimista demais, ainda vai dar muito trabalho antes de chegar lá.

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