Israel solta 250 presos palestinos; Trump declara nova era de paz
Igor Martins 14 outubro 2025 1 Comentários

Quando Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos subiu ao pódio da Knesset e proclamou "a aurora histórica de um novo Oriente Médio", a notícia de que Israel havia solto 250 presos palestinos e 1.700 detidos em Gaza já fazia corrente nas ruas de Ramallah.

Os dois ônibus que transportavam os libertados chegaram à cidade palestina de Ramallah na manhã de segunda‑feira, 13 de outubro de 2025, marcando a primeira fase de um acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA. A operação foi parte do plano acordado na última semana em acordo de cessar-fogo de Sharm el‑SheikhSharm el‑Sheikh, Egito.

Contexto histórico e caminhos até o acordo

Para entender a magnitude do gesto, vale lembrar que a guerra em Gaza já dura dois anos, iniciada em outubro de 2023. Desde então, mais de 67 mil palestinos e 1,6 mil israelenses perderam a vida, e cerca de 90% das casas em Gaza foram destruídas. O conflito provocou o deslocamento de quase dois milhões de pessoas, criando uma crise humanitária que ultrapassa fronteiras.

O primeiro cessar‑fogo, firmado entre 19 de janeiro e 18 de março de 2025, trouxe oito rodadas de trocas de reféns, mas acabou sucumbindo quando Israel lançou ataques aéreos surpresa em 18 de março, violando o acordo. Desde então, dezenas de rondas de negociações foram tentadas por EUA, Egito e Qatar, sem sucesso duradouro.

Detalhes da liberação e da operação de transporte

  • 250 presos palestinos cumprindo penas longas foram libertados das prisões israelenses.
  • 1.700 detidos que permaneciam confinados em Gaza foram devolvidos à Autoridade Palestiniana.
  • Os prisioneiros chegaram a Ramallah com a cabeça raspada, sinal de identificação usado nas prisões israelenses.
  • 88 desses foram enviados diretamente para a Faixa de Gaza, conforme informou a Cruz Vermelha Palestiniana.

Segundo informações da Cruz Vermelha Palestiniana, a maioria dos libertados apresentava sinais de desnutrição e desgaste físico. "É um alívio ver nossos irmãos de volta, mas ainda há um longo caminho pela frente", declarou um porta‑voz que preferiu permanecer anônimo.

Reações dos líderes e das partes envolvidas

Em resposta ao acordo, Benjamin Netanyahu, Primeiro‑ministro de Israel reiterou que "o objetivo final continua sendo o desmantelamento da capacidade militar do Hamas". Já o próprio Hamas, representado por um porta‑voz que pediu para não ser identificado, afirmou que "a proposta de desarmamento está fora de discussão até que se estabeleça um Estado palestino soberano com Jerusalém como capital".

Nos corredores da Sharm el‑Sheikh, delegados de vários países observaram a tensão entre as exigências israelenses — que pedem amnistia condicionada à entrega de armas — e a postura firme do Hamas. "É um impasse que reverbera em todo o Oriente Médio", comentou a analista de relações internacionais Leila al‑Saadi, pesquisadora do Centro de Estudos do Levante.

Impactos imediatos e perspectivas de reconstrução

Impactos imediatos e perspectivas de reconstrução

O retorno dos detidos traz alívio imediato às famílias palestinas, mas a reconstrução de Gaza ainda parece um sonho distante. Estima‑se que serão necessários entre US$ 10 e 15 bilhões para reconstruir infraestrutura básica, hospitais e escolas. O Conselho de Segurança da ONU ainda não aprovou um plano de investimento concreto.

Enquanto isso, o mercado internacional observa atentamente. A cotação do shekel israelense subiu 0,8% após o anúncio, refletindo otimismo de investidores que veem a possibilidade de estabilização. Por outro lado, as ações de empresas de construção em Gaza registraram quedas, sinalizando o risco de atrasos nos projetos de reconstrução.

Próximos passos e possíveis desdobramentos

O acordo prevê que a segunda fase, que deve abordar a questão do desarmamento e da reconstrução, será negociada nas próximas semanas. Se os líderes conseguirem alinhar as demandas de Israel e do Hamas, pode surgir um mapa‑caminho para a criação de um Estado palestino reconhecido internacionalmente.

Entretanto, a situação no terreno permanece frágil. Grupos radicais ainda realizam pequenos ataques nas áreas fronteiriças, e a população de Gaza continua a enfrentar racionamento de água e eletricidade. "Um cessar‑fogo sólido só tem validade se for acompanhado de garantias de segurança para ambas as partes", alertou Leila al‑Saadi.

Resumo dos principais fatos

Resumo dos principais fatos

  • Data: 13 de outubro de 2025 – chegada dos ônibus a Ramallah.
  • Entidades principais: Israel, Hamas, Estados Unidos, Cruz Vermelha Palestiniana.
  • Liberação: 250 presos de longa pena + 1.700 detidos de Gaza.
  • Impasse: Desarmamento do Hamas permanece fora de negociação.
  • Próximas negociações: Foco na reconstrução e estabelecimento de um Estado palestino.

Perguntas Frequentes

Como a libertação dos presos afeta a população de Gaza?

A volta dos 1.700 detidos traz alívio psicológico e possibilita que famílias se reúnam, mas o impacto econômico ainda é limitado, já que a infraestrutura de Gaza permanece devastada e o desemprego continua acima de 70%.

Qual é a posição dos EUA no próximo estágio das negociações?

Os EUA, sob a liderança de Donald Trump, pressionam Israel a aceitar a entrega de armas do Hamas como parte de um acordo de amnistia, ao mesmo tempo que apoiam a criação de um Estado palestino com Jerusalém como capital, tentando equilibrar as exigências de ambos os lados.

O que impede que o Hamas aceite o desarmamento?

O Hamas vincula o desarmamento à garantia de soberania palestina e ao reconhecimento de Jerusalém como capital; sem essas condições, seus líderes consideram a proposta "fora de discussão".

Quais são os principais desafios para a reconstrução de Gaza?

Além da necessidade de bilhões de dólares, há obstáculos burocráticos ligados ao controle de fronteiras israelense, à escassez de materiais de construção e ao risco de novos confrontos que podem interromper obras em andamento.

Qual o risco de ruptura do cessar‑fogo atual?

O risco permanece elevado, pois facções radicais ainda realizam ataques esporádicos e a confiança entre Israel e Hamas está fragilizada. Qualquer violação poderia desencadear uma nova escalada militar.

1 Comment
Isa Santos
Isa Santos

outubro 14, 2025 AT 00:45

libertar é só o primeiro passo pra paz.

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